quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Livro dos Espíritos - A Primeira Obra da Codificação

“Porás no cabeçalho do livro o ramo de parreira¹ que te
desenhamos porque é ele o emblema do trabalho do Criador
Todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o Espírito nele se encontram reunidos: o corpo é o ramo; o Espírito é a seiva; a alma ou o espírito ligado à matéria é o bago. O homem quintessência o Espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimentos."

18 de abril do ano de 1857 foi o dia do lançamento da primeira obra espírita, codificada por Allan KardecHoje, após 156 anos, a data é recordada como um marco para o Espiritismo, com a publicação do primeiro livro que formaria as 5 obras fundamentais da doutrina, junto às que foram lançadas posteriormente:

O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.


Na primavera daquele ano, o professor Hippolyte Léon Denizard Rivail (sob o pseudônimo Allan Kardec²), após trabalhar por tempos em seu novo livro então publicado, escreveu em seu caderno de memórias:


"Hoje, finalmente, 18 de abril de 1857, posso dizer que lancei a público o trabalho mais importante de minha vida graças ao enorme benefício que, certamente, espalhará. [...]"


O livro é baseado diretamente na doutrinação dos Espíritos, composto por 501 perguntas formuladas por Kardec e suas respectivas respostas, vindas da Espiritualidade. Os ensinamentos foram ditados pelo Plano Superior com o intuito de estabelecer uma filosofia racional, com a missão de instruir e esclarecer os homens, abrindo as portas para uma nova era de regeneração.
É evidente de que o surgimento do Espiritismo lança ao mundo uma nova concepção de antigas crenças, além de não ser considerado uma religião propriamente dita, por conta de seu universalismo e de sua característica ligada à ciência natural da vida. Podemos citar que o próprio codificador da doutrina lecionava como pedagogo: Química, Matemática, Astronomia, Física, Fisiologia, Retórica, Anatomia Comparada e Francês, fora os periódicos de estudos psicológicos que eram publicados mensalmente na Revista Espírita (1858-1869).

O Livro dos Espíritos divide-se em cinco partes:
Introdução
Livro Primeiro - As Causas Primárias
Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos
Livro Terceiro - As Leis Morais
Livro Quarto - Esperanças e Consolações

Um resumo da Doutrina dos Espíritos para situar o leitor:
1. Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom.
Criou o Universo, que compreende todos os seres animados e inanimados.
2. O que une corpo e Espírito é o perispírito (ou liame), invólucro semimaterial. Não se desfaz no desencarne, é um corpo etéreo, invisível para nós no seu estado normal, mas que pode tornar visível e mesmo tangível, nos fenômenos de aparição.
3. Os Espíritos não pertencem eternamente à mesma ordem, variando segundo seu grau de pureza (evolução), que tem a ver com a sua inteligência, sabedoria, moral. Evoluem pelas encarnações, que a uns é imposta como uma expiação e a outros como missão. "Não há faltas irremissíveis que não possam ser apagadas pela expiação. O homem encontra o meio necessário nas diferentes existências que lhe permitem avançar, na via do progresso, em direção à perfeição, que é o seu objetivo final".
Propor reflexão sobre a situação de cada um³.

Foram tantas revelações que houve uma 2ª edição, definitiva, contendo 1019 questões. A última delas é "O reino do bem poderá um dia realizar-se na Terra?" Contendo -na resposta- o trecho:


"O bem reinará na Terra quando, entre os espíritos que vêm habitá-la, os bons predominarem sobre os maus; então eles farão reinar na Terra o amor e a justiça, que são a fonte do bem e da felicidade".


O próprio título "O Livro dos Espíritos", já sugere a forma que Kardec não se considerava o autor da doutrina. Suas obras sempre correram o mundo sem que fossem direcionadas apenas aos espíritas, pois o benefício do estudo não poderia ser restringido apenas a um certo público. É um manual de conduta que pode ser utilizado por todos aqueles que procuram esclarecimentos e o progresso.
Tantos os irmãos espíritas, quanto aqueles que também trabalham na presença de médiuns (como, por exemplo, na Umbanda), devem sempre lembrar do ensinamento de Emmanuel "Disciplina, disciplina, disciplina" e jamais deixarem de lado os estudos, tanto das obras doutrinárias de Kardec, quanto outras de suas respectivas crenças, a caminho do progresso.
- Paz e Luz -


Nota: O audiobook do Livro dos Espíritos está disponível a todos, clicando Aqui!


¹ O ramo de parreira do início da postagem é fac-símile do que foi desenhado pelos Espíritos. Fonte: livrodosespiritos.wordpress
² Pseudônimo escolhido por Rivail para diferenciar suas obras espíritas de outras. "Allan Kardec" foi seu nome em uma de suas encarnações.
³ Fonte: portadosol.org