terça-feira, 26 de novembro de 2013

Expansão Cultural: Umbanda

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Queridos irmãos, esta é a segunda postagem de nossa jornada cultural por várias doutrinas espiritualistas encontradas no mundo. Procuraremos entender um pouquinho sobre o que se passa em cada uma das comunidades que agregam tais filosofias de vida. Proponho lermos com a mente aberta para podermos quebrar qualquer pré-conceito que ainda possa haver. Vamos observar a beleza de cada cultura e saibamos adquirir o que houver de melhor para trazermos ao nosso ser interior.
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15 de novembro foi o dia da Umbanda e para aproveitar, falarei um pouco sobre a doutrina e história dessa religião autenticamente brasileira. Será que realmente conhecemos seus fundamentos?

imagem retirada da página de facebook "Umbanda, eu curto"

A Umbanda foi fundada em Niterói (1908) pelo espírito conhecido como Caboclo das Sete Encruzilhadas que se manifestava pelo médium Zélio Fernandino de Moraes. Na perspectiva de que espíritos de negros e índios pudessem se comunicar no trabalho mediúnico, a entidade teve a iniciativa de deixar a casa espírita kardecista em que se manifestou pela primeira vez e, assim, foi criada a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, dirigida por Zélio e a entidade que se apresentava como um indígena, com o propósito de que entidades de qualquer cor, raça e condição social poderiam trabalhar em benefício aos encarnados.
Dessa forma foi criada a primeira casa de Umbanda, com os princípios da caridade e do amor baseados no Evangelho de Jesus.

Os fundamentos da doutrina umbandista são baseados no Amor ao próximo, na natureza, no espírito, na evolução e em Deus como nosso único e supremo Criador. Sendo uma religião relativamente nova, possui algumas absorções e preceitos cristãos, indígenas e afros. Entretanto, difere-se do Candomblé e também utiliza-se de conceitos revelados pela Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec. Segundo o livro Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada (Rubens Saraceni), pode-se afirmar que:

A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamento de Orixás e não tem nessa prática um dos seus recursos ofertatórios às Divindades. Na Umbanda, as oferendas se caracterizam por flores, frutos, alimentos e velas como reverência às Divindades. A Fé é o mecanismo íntimo que ativa Deus (Olorum), suas Divindades e os Guias Espirituais em benefício dos médiuns e dos frequentadores dos seus templos.
A Umbanda não é uma seita e sim uma religião, ainda meio difusa devido a seus usos e costumes variados formados livremente onde quer que ela se manifeste. A Umbanda não apressa o desenvolvimento doutrinário dos seus fiéis, pois tem no tempo e na espiritualidade dois ótimos recursos para conquistar o coração e a mente dos seus fiéis.
mediunidade de incorporação é um de seus pilares, servindo para o desenvolvimento dos médiuns e aconselhamento dos consulentes, pessoas comuns que buscam orientação espiritual para suas vidas. A mediunidade independe da crença religiosa das pessoas, mas encontrou na Umbanda terra fértil para se manifestar livremente.  Com médiuns bem preparados, assiste seus fiéis, auxilia na resolução de problemas graves ou corriqueiros, todos tratados com a mesma preocupação e dedicação espiritual e sacerdotal.
A Umbanda é uma religião espírita e espiritualista. Espírita porque está, em parte, fundamentada na manifestação dos espíritos guias. E espiritualista porque incorporou conceitos e práticas espiritualistas (referentes ao mundo espiritual), tais como magias espirituais e religiosas, culto aos ancestrais Divinos, culto religioso aos espíritos superiores da natureza, culto aos espíritos elevados ou ascencionados e que retornam como guias-chefes, para auxiliar a evolução das pessoas que frequentam os Templos de Umbanda.  O tempo e o auxílio espiritual desinteressado ou livre de segundas intenções tem sido os maiores atrativos dos fiéis umbandistas.
A Umbanda, por ser sincrética, não alimenta em seu seio segregacionismo religioso de nenhuma espécie e vê as outras religiões como legítimas representantes de Deus. E vê todas como ótimas vias evolutivas criadas por Ele para acelerarem a evolução da humanidade.
A Umbanda prega que as divindades de Deus (os Orixás) são seres Divinos dotados de faculdades e poderes superiores aos dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são indissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.
A Umbanda prega a existência de um Deus único e tem nessa sua crença o seu maior fundamento religioso, ao qual não dispensa em nenhum momento nos seus cultos religiosos e, mesmo que reverencie as Divindades, os espíritos da natureza e os espíritos ascencionados (os guias-chefes), não os dissocia D’Ele, o nosso Pai Maior e nosso Divino Criador.

Sendo esta uma religião espiritualista, utiliza-se da participação dos Médiuns para que as manifestações dos espíritos trabalhadores possam ser possíveis. No princípio religioso, as entidades predominantes no culto umbandista vinham na forma de Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, personificando a simplicidade, sabedoria e pureza na corrente astral. Além dessas três falanges, existem outras legiões (como a dos Ciganos, Boiadeiros, Exus, etc) onde cada uma corresponde à vibração original de um Orixá.


A Umbanda é, portanto, uma religião que possui sua própria fundamentação e seu estudo é de suma importância para que haja um bom procedimento ritualístico dentro dos templos, excluindo misticismos e possíveis animismos que possam vir a ocorrer. Por mais que seus atuantes ainda sofram muito preconceito, isso ocorre apenas por falta da aceitação de que, mesmo em modos variados, religiões diferentes podem apontar para o mesmo ponto principal: o Amor ao próximo.